quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sobre jantares beneficentes e academias

Hoje eu cheguei a uma conclusão: pessoas ricas não se divertem! É, isso seria tipo a minha tese de mestrado em sociologia, ou algo do tipo. Eu cheguei a essa conclusão assim: eu freqüento uma academia de gente relativamente rica. Essa academia só abre de manhã nos finais de semana. Eu pensei "porra, nenhuma pessoa decente chega cedo em casa no final de semana, a ponto de estar na academia às 9h!" Daí me veio a conclusão: pessoas ricas simplesmente não sabem se divertir! Elas apenas gostam de se mostrar. É o seguinte: elas organizam um jantarzinho beneficente em prol de uma instituição qualquer (porque o que a instituição faz, de fato, ninguém sabe ao certo, nem o próprio dono). Daí, as madames acordam às 7h da manhã para já começarem a se arrumar. Escolhem o melhor vestido, fazem uma maquiagem nos esquemas, ajeitam o penteado bem bonito, enfim, se embonecam todas. Pegam um smoking para o marido, mandam ele se vestir faltando 5 minutos para sairem de casa (é, porque homens ricos não sabem tomar conta de si mesmo, eles só saem da casa da mãe quando arrumam outra mulher para cuidar deles) e vão. Chegam lá e, como manda a boa etiqueta (que todos aprenderam no último livro da Glorinha Kalil, que eu não tenho certeza se é assim que se escreve), cumprimentam a todos. E é exatamente ESSA a hora importante, porque é nessa hora que eles se mostram e analisam uns aos outros com comentários do tipo "nossa, que vestido horrível", "nossa, como essa Paula tem uma bunda caída", "menina, olha o silicone da Fernanda" ou "porra, olha a gostosa que o Mauro tá pegando", "porra, olha que baranga que o Rafa tá comendo", "porra, olha a bunda da mulher do Carlos" (que é a Paula, mas para os homens o importante é ser carne nova, a gente não possui esse poder feminino de analisar se algo está caído ou se está no lugar, a gente só olha e pronto). Passado esse momento inicial, eles se dividem em grupos e conversam sobre assuntos que não importam de fato a ninguém, em meio a risadas que não acham graça de fato em nada, enquanto garçons com calça, colete e gravata borboleta pretos e camisa branca saem por aí distribuindo canapés (que é um dos assuntos debatidos). Então, chega a hora do jantar em si. Assim que percebem a agitação dos garçons em servir os pratos do jantar, alguns já se despedem, inventando desculpas do tipo "eu tenho uma festa de família", mas a maioria está achando aquilo tudo insuportável (porque meio que é mesmo) e não vê mais a necessidade de ficar lá agora que a parte de análise social já passou. Outra razão para eles irem: a academia só funciona de manhã no dia seguinte. Claro que eles não podem admitir isso, seria um desrespeito abandonar seus amigos apenas para ir malhar. Mas alguns simplesmente têm que ir malhar no dia seguinte, porque manter um corpo bonito é extremamente importante na hora da análise social (se você for mulher, então, tem que gastar as calorias de todas aquelas torradinhas com patê de fígado de pato que você comeu na véspera, senão vai tudo para a bunda). Voltando ao jantar: todos se deliciam com os pratos servidos, conversam sobre os mesmos assuntos, com as mesmas risadas. Chega a hora da sobremesa e, logo antes dela chegar às mesas, mais alguns seguem o rumo de casa, com desculpas do tipo "A Helena estava doente esses dias, não está se sentindo muito bem" (as mulheres que comeram o jantar precisam queimar as calorias do medalhão de filé mignon na academia). Depois da sobremesa, é até normal ir embora, então as pessoas nem precisam dar desculpas, elas simplesmente se vão (até porque as mulheres que restarm até aqui precisam MUITO ir na academia amanhã para queimar as calorias do bolo de damasco). Porém, sempre tem um cafézinho depois do jantar, que é quando restam praticamente apenas os familiares (que não podem dar nenhuma desculpa, então simplesmente ficam) ou os velhos amigos da família (até porque, como são velhos mesmo, não fazem tanta questão de irem na academia, já tá tudo caido e enrugado mesmo). Mas sempre tem aqueles dois ou três que não são familiares nem velhos amigos, apenas beberam champagne demais, acharam a conversa boa demais (melhor do que seria se estivessem sóbrios) e foram ficando até agora. Esses, meu amigo, têm que ir MESMO, porque como eles já estão levemente alterados com a bebida, eles se esquecem que precisam colocar adoçante-que-não-engorda no café e enchem de açúcar. E os poucos que ainda se lembrar de colocar adoçante, sempre tem um biscoitinho de amêndoas para comer junto com o café. Então, essa é a minha tese sobre ricos. Agora, você vai falar que é só inveja, mas eu te digo que não! Eu tenho inveja do dinheiro deles, não DELES em si, entende? É o seguinte: quando um rico vai para Angra, por exemplo. Ele pega o seu iate no Iate Clube, vai se enchendo de champagne daqui até lá e daí fica o dia inteiro pegando sol do lado da piscina do iate (porque rico de verdade tem iate com piscina). O divertido (ou seja, o que eu faria) seria ele ficar o dia inteiro nas praias da região (não dentro do iate que transita por essas praias), curtindo tudo de diferente que tem por lá e no fim do dia dar um tempo com uma cervejinha na banheira de hidromassagem. Ou seja, o que eu tô tentando dizer ao longo do meu post é o seguinte: dinheiro não compra a felicidade. Liga e manda entregar em casa! Música do dia: "Amaria", do Trio Pouca Chinfra

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